segunda-feira, outubro 29, 2007

Resenha Parte IV (Final)

Mas será possível que o autor ao finalizar esteja tomando outro partido, diferente do inicial? Principalmente ao comentar que o esporte disfarçado da cultura de lazer, possa estar fugindo a limites impostos e nos colocando no papel de consumidores em vez de torcedores? Indica mais adiante que a crítica ao esporte se alimenta dos escritos sobre o mau uso das instituições esportivas, afirmando que as instituições sempre usam e usaram-se umas às outras perante a historicidade.

Mas finalmente adentra ao item do fascínio esportivo acoplado aos movimentos corporais reduzidos a sete categorias: os corpos esculpidos, sofrimento diante da morte, a graça, instrumentalização para aumentar a potência corporal, as jogadas sensacionais, o timing e as formas personificadas ou seja a criação de um movimento nunca executado antes. Conclui o autor através dos Diálogos de Platão, que as trocas intelectuais nas academias gregas nunca se distanciaram da beleza corporal, que nos leva hoje a entender a tendência de transformação do corpo através de variados meios, lentos ou dolorosos, ficando de lado a saúde ou mesmo qualquer forma de educação pelo esporte ou formação do caráter surgindo uma reflexão da nossa parte: e o fairplay? Não passa de um ideal?

A assistência esportiva se reparte entre os que comungam e os que analisam os atos dos atletas e ao nos trazer Nietzsche, o autor nos implica em escolher a atitude apolínea ou a dionisíaca ou ainda a sugerida no O banquete de Platão?

A gratidão do autor aos famosos esportistas é demonstrada na recordação de jogadas sensacionais, de momentos sublimes sentidos ante a beleza, a concentração e superação dos atletas em momentos cruciais, sendo também comovente o confronto de um grande atleta no momento de abdicar do caminho percorrido, ocasionando muitas vezes uma destruição da sua vida pessoal, a partir de seqüelas físicas, ou mesmo inadequação ao lugar comum, após terem sido agraciados como semi-deuses, no teatro da vida.

Como espectadores, somos obrigados a assistir ao vivo ou em colorido o maravilhoso e o desperdício nos servindo de transcendência para a experiência do dia a dia. Afinal nos apaixonamos, nos fascinamos, por querermos nos completar.

O livro é leve, fácil de ler, indicado para aqueles que trabalham com esportes como também para aqueles que estranham a beleza atlética dos seus praticantes, estimulando a uma reflexão sobre o que leva o esporte a ser mobilizador de multidões e a atentar para o fato de que a beleza existe em nossos movimentos corpóreos.

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